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Quer mudar maus hábitos? Tente a medicina de estilo de vida

Abordagem terapêutica se baseia em seis pilares: alimentação, exercício, sono, manejo do estresse, relacionamentos saudáveis e controle de drogas

Você vai ao médico e ouve dele que tem que fazer, o quanto antes, mudanças na alimentação e se exercitar. Mas como começar? Como superar até décadas de sedentarismo e refeições pouco nutritivas? É exatamente aí que entra a medicina de estilo de vida, que, apesar de ainda não ser muito conhecida por aqui, já conquistou algumas centenas de profissionais da saúde no Brasil. Sley Tanigawa Guimarães, médica com especialização em acupuntura, é presidente do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, que foi criado há apenas dois anos, e explica como funciona a abordagem terapêutica: “ela se baseia em seis pilares, que são nutrição, atividade física, sono, manejo do estresse, conexões ou relacionamentos saudáveis e controle de tóxicos, que incluem cigarro, álcool, drogas ilícitas e mesmo automedicação. Também abraça a ciência comportamental para alcançar as transformações necessárias”.

E como isso funciona, se sabemos como é duro modificar maus hábitos que estão arraigados? “Fazer mudanças no estilo de vida e sustentá-las é uma tarefa bastante desafiadora e não há fórmula pronta. Temos que descobrir o que faz sentido para cada indivíduo”, ela afirma, dando o exemplo da própria mãe: “ela brincava no chão com os netos e a dificuldade para se levantar a convenceu de que estava na hora de se cuidar. Agora diz que, quando está com um pouco de preguiça, basta lembrar do motivo que a levou a se exercitar”. A médica revela que uma estratégia que normalmente dá certo é não criar objetivos difíceis demais, ou seja, em vez de imaginar que se tem pela frente a tarefa de subir uma escada enorme, o foco é em cada degrau vencido, que se torna uma vitória a ser comemorada: “não adianta falar para o paciente que ele deveria dar 10 mil passos por dia se ele não dá nem 100. Na faculdade, os alunos de medicina apenas recebem as orientações que devem repassar aos pacientes, mas sem as ferramentas para engajar as pessoas. A genética é importante, mas representa apenas 20% do contexto, os 80% restantes dependem das escolhas do dia a dia”.

A abordagem da medicina de estilo de vida é ir utilizando os pilares que a sustentam de forma coordenada, e não isoladamente, o que, segundo a médica, gera um efeito dominó positivo: “mesmo pacientes idosos, e com comorbidades, conseguem diminuir o número ou a dosagem de seus medicamentos. A desprescrição é possível”. Ela reconhece que o mais desafiador é transformar os hábitos alimentares: “comer envolve um lado afetivo, de memória, e embora a proposta não seja de retirar a carne, a ênfase está numa dieta de vegetais, com frutas, legumes e verduras, diminuindo o volume de proteína animal e processados”.

A doutora Sley é também coordenadora da pós-graduação em medicina do estilo de vida do Hospital Albert Einstein e diz que o autocuidado do profissional de saúde está hoje no centro das atenções das instituições: “médicos que se cuidam dão mais importância ao assunto no consultório, enquanto os que estão acima do peso ou fumam tendem a não endereçar essas questões”. Para fazer parte do Colégio Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida, é preciso realizar uma prova de certificação, que pode ser feita por todos os profissionais da área da saúde. A instituição integra a Lifestyle Medicine Global Alliance e realizará seu terceiro congresso em novembro.

Para se ter uma ideia da importância da iniciativa, o Centro de Longevidade de Stanford, que é uma referência mundial, acabou de lançar a Iniciativa Stanford de Medicina de Estilo de Vida, cujo objetivo é divulgar práticas nessa área através da criação de conteúdos, plataformas de educação e muita pesquisa para dar lastro às ações. Há um time multidisciplinar à frente dessa empreitada, mas a figura mais interessante do grupo é a médica e chef Michelle Hauser, formada pela prestigiosa escola de gastronomia Le Cordon Bleu. Em 2017, a doutora Hauser criou uma disciplina eletiva de medicina culinária para os alunos da faculdade de medicina que tem fila de espera. As aulas aliam informações sobre nutrição com tutoriais sobre como criar pratos saborosos e saudáveis – e, claro, os estudantes põem a mão na massa e cozinham. O resultado? Além de melhorarem suas próprias dietas, os futuros doutores tornam-se capazes de aconselhar os pacientes a como se alimentar melhor sem que isso seja sinônimo de comida sem gosto e sem graça. O curso dispõe de um site com receitas para os que se aventurarem a seguir as orientações em inglês.
 

Fonte: G1

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