
Voto impresso: avanço ou retrocesso?
A PEC do voto impresso se tornou uma bandeira política para questionar o resultado das eleições
Desde 2018, quando o Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) alegou fraude nas eleições, mesmo sem ter provas, o debate sobre voto impresso voltou a entrar em cena. Segundo ele, uma pessoa teria acessado o código de programação das urnas eletrônicas, assim como senhas de acesso de um ministro e de servidor da Corte. O agente teria oferecido o material ao blog TecMundo em novembro de 2018. Por este motivo, o presidente voltou a alegar que o voto impresso seria a melhor solução para as próximas eleições, mesmo o sistema eleitoral brasileiro sendo um dos mais modernos e respeitados do mundo.
Nos últimos dias, muito tem se falado sobre o “voto impresso auditável”. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, de autoria do deputado Filipe Barros (PSL-PR), estabelece que, no processo de votação, seja feita uma espécie de verificação em duas etapas. Na prática, o eleitor vai digitar o número do seu candidato na urna eletrônica e um papel será emitido para que ele possa conferir se o voto está correto. Depois disso, de forma automática, a cédula seria depositada em uma urna de acrílico.
Mas a questão é: o voto impresso é um avanço ou um retrocesso? Entendemos que é um enorme retrocesso, pois está sendo debatido um problema que na prática não existe. Além disso, está sendo discutido em um momento no qual outras questões deveriam estar em pauta, como a pandemia e a crise econômica que o Brasil está enfrentando. O Presidente está desviando a atenção de questões importantes, como: a tributação dos super ricos, reforma administrativa, a aprovação do escandaloso valor de 5,7 BI para financiar campanhas, entre outros. Para Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a PEC tornou-se uma “bandeira política” para questionar os resultados das eleições. “O presidente da República, e essa é a questão que o TSE agora está averiguando, parece estar deflagrando um processo de campanha eleitoral fora de época", opinou em entrevista concedida ao G1.
Caso a PEC 135/19 seja aprovada, pode colocar a democracia em risco, pois abre margens para que ocorra a compra de votos. “Você vota em mim que sou deputado e anula o (voto) de deputado estadual. Vou pedir recontagem e vou conferir se você votou em mim mesmo e fez isso que estou mandando'", explicou Barroso, em entrevista à CNN Brasil.
Outro ponto negativo, dentre tantos, é que possivelmente todo candidato que perder, por acreditar que houve fraude, vai pedir a recontagem dos votos. Todas as pesquisas feitas, para as eleições do próximo ano, apontam que Bolsonaro perderia para qualquer candidato que disputasse o segundo turno das eleições com ele. Daí, a preocupação do Bolsonaro, em alegar que o sistema de votação brasileiro é falho.
Eleições no Sindifisco Nacional
Este é um ano de eleições na Delegacia Sindical de Curitiba do Sindifisco Nacional (DS). Assim como esperamos que ocorra na corrida presidencial, queremos total lisura nas eleições. O que mais prezamos é que seja uma votação democrática e confiável. Qualquer que seja o processo eleitoral, deve ser limpo e auditável, sem margens para interesses políticos.
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